A seca está provocando cancelamento da festa de São João em 
algumas cidades do interior da Bahia e, em outras, redução dos gastos, o
 que implica em uma grade de programação mais reduzida.
Em São Gonçalo dos Campos, o prefeito cancelou o evento e uma 
audiência pública de entidades representativas da população vai decidir,
 nessa sexta-feira (22/3), a realização dos festejos ou não em Senhor do
 Bonfim, um dos municípios baianos que abriga uma das festas  mais 
tradicionais do estado. Já em Irecê, em reunião dos poderes executivo e 
legislativo, a decisão foi pela manutenção da festa.
A expectativa é grande, não só dos nativos como visitantes de outras 
cidades que muito apreciam o famoso São João de Senhor do Bonfim, cidade
 intitulada  como a Capital Baiana do Forró. Na realização da audiência 
pública  convocada pelo prefeito Edivaldo Martins Correia, nessa 
sexta-feira (22/3), no Salão da Câmara de Vereadores,  estarão reunidos 
representantes do Ministério Público,  da sociedade civil, do executivo e
 legislativo.
De acordo com o coordenador de relações institucionais da Prefeitura 
de    Senhor  do Bonfim, Custódio Barbosa, uma avaliação para a 
possibilidade da realização da festa será feita por estas entidades, 
porque a situação do município está séria devido à seca, embora algumas 
soluções para o problema já tenham sido iniciadas.
“O governo do estado está fazendo uma estrutura emergencial da 
Barragem de Porto Novo à cidade. Isto poderá amenizar a situação, pois a
 construtora tem um prazo de 45 dias para entregar as obras, inclusive 
está bem adiantada a construção, mas não  se sabe se até o São João vai 
estar pronta. E também dependemos de muita chuva, pois os reservatórios 
estão vazios”, afirmou Custódio Barbosa.
O coordenador conta que a situação dos povoados nas redondezas de 
Senhor do Bonfim também é crítica e não há nenhum município perto em que
 possam disponibilizar de abastecimento, já que as localidades próximas 
como Capim Grosso, Jacobina, Jaguarari e Campo Formoso estão na mesma 
situação. “Como poderemos abrigar uma média de 40 mil pessoas que vêm 
para a festa, sem a água necessária?”, indagou.
Já o município de  Irecê, onde se cogitou a não realização da festa, o
 presidente da Câmara Municipal de Irecê, Joilton Silva, após avaliação 
em reunião realizada pela prefeitura municipal, concluiu que o evento 
junino pode ser realizado. “Tive o cuidado de visitar alguns 
comerciantes e lojistas e todos são a favor dos festejos. Portanto, 
creio que o poder público precisa tomar as providências necessárias para
 formatar a festa e fazer a contratação das principais 
atrações”,declarou.
No caso de São Gonçalo dos Campos, o prefeito Antônio Dessa Cardozo 
“Furão” (PSD), enfatiza que o evento foi cancelado em decorrência da 
prolongada estiagem no município e explica que “construímos uma marca 
nacional, o São João de São Gonçalo. Mas, os efeitos da falta de chuvas 
na zona rural do município me levaram a cancelar o evento deste ano”, 
afirmou, acrescentando que, neste momento, sua preocupação maior é com 
os moradores da zona rural e a sede, pois os efeitos da seca atingiram 
fortemente a economia no município e a vida dos moradores do campo.
Distribuição de água atenua a estiagem
Desde 1998, a fim de atenuar os prejuízos causados pela estiagem, o 
Governo Federal, por intermédio do Ministério da Integração Nacional e 
do Ministério da Defesa, vem conduzindo o Programa Emergencial de 
Distribuição de Água, também chamado de “Operação Pipa”.
Tal atividade tem por finalidade complementar a distribuição de água 
potável no semi-árido nordestino e Norte de Minas Gerais, área conhecida
 como “Polígono das Secas”. O Exército Brasileiro, representado na Bahia
 e em Sergipe pela 6ª Região Militar, apoia as vítimas da escassez de 
chuvas, coordenando e fiscalizando a distribuição de água para o consumo
 humano, visando minimizar o sofrimento da população mais carente.
Atualmente, as Organizações Militares (OM) subordinadas à 6ª RM, 
sediada em Salvador, atuam em 204 municípios nos Estados da Bahia, 
Sergipe, Minas Gerais e Pernambuco. Os 1.289 carros-pipa, contratados e 
fiscalizados por esse Grande Comando, levam água potável e de boa 
qualidade a 1.007.817 pessoas (dados atualizados em 27 de fevereiro de 
2013).
A Operação Pipa é uma ação subsidiária de auxílio à população, 
hipótese de emprego do Exército prevista na Lei Complementar nº 117. 
Para o município participar do Programa Emergencial de Distribuição de 
Água é necessário que declare estado de emergência ou de calamidade 
pública e que essa situação seja reconhecida pelo governo estadual e 
pelo Ministério da Integração Nacional.
Uma vez incluído no Programa pelo Ministério, por meio da Secretaria 
Nacional de Defesa Civil, o município passa a ser atendido por uma 
Organização Militar. Seguindo a cadeia de comando, os recursos 
necessários à distribuição da água são repassados ao Ministério da 
Defesa, Comando do Exército e, por fim, ao Comando de Operações 
Terrestres (COTER, sediado em Brasília). Este, por sua vez, 
descentraliza os créditos às Organizações Militares.
Entre a chegada dos recursos destinados ao apoio a um município 
recém-incluído e a efetiva distribuição de água decorre um prazo de sete
 a dez dias, necessário aos trabalhos de reconhecimento. As comissões 
informam às OM responsáveis pelo apoio os seguintes dados: localidades 
do município a serem atendidas; população beneficiada; possíveis 
mananciais para a captação da água e as distâncias a serem percorridas.
O alcance social do programa é inquestionável. Durante as visitas e 
inspeções das equipes de fiscalização, constituídas por militares da 6ª 
Região Militar, observa-se o elevado nível de satisfação das pessoas 
beneficiadas, que podem, durante a estiagem, dispor de água de boa 
qualidade e em quantidade suficiente para atender às necessidades 
básicas da família. Ajudar a minimizar o sofrimento da população é o 
maior incentivo ao trabalho. Levar a mão amiga do Exército aos nossos 
compatriotas é o nosso dever.