Reforma e ampliação de oito postos de saúde, realização de 
obras de contenção de encostas, dragagens de canais, construção de equipamentos 
esportivos. Estes, entre outros projetos, somados representariam um investimento 
de quase R$ 20 milhões. Verba que está liberada na conta do governo federal para 
Salvador, mas que não pode ser sacada porque a prefeitura está com o nome sujo. 
Desde 2011, a capital baiana está negativada no Serviço 
Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias, conhecido como Cauc, um 
tipo de SPC das prefeituras. Se o nome está lá, convênios, cooperações ou 
auxílios financeiros do governo federal não são liberados. Para conseguir 
driblar a restrição, só restou à atual gestão apelar para a Justiça Federal. 
Sob o argumento de não ter culpa por erros cometidos no 
passado, a prefeitura já conseguiu a liberação de verba para quatro convênios: 
revitalização da orla da Barra (R$ 14,8 milhões), reforma do Mercado de Itapuã 
(R$ 1,3 milhão), nova sinalização turística da cidade (R$ 2,4 milhões) e obras 
para acessibilidade nos 7 Pontos Mágicos de Salvador (R$ 3 milhões). 
Em nota, a Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz) informa que 
a justificativa utilizada pela atual gestão para sensibilizou a Justiça foi a de 
que “a responsabilidade das inadimplências é da gestão anterior e, portanto, a 
população não pode sofrer as consequências disso”.  Foi utilizado como argumento 
ainda o fato de a prefeitura de Salvador ter publicado o Decreto 23.752/13 no 
início de janeiro, que instituiu uma comissão específica com a finalidade de 
tirar a prefeitura do Cauc. 
Formado por técnicos da Fazenda, procuradores do Município e 
representantes de cada uma das secretarias, a comissão já está debruçada para 
tentar resolver os problemas que mantém a prefeitura no Cauc. Algumas pendências 
foram fáceis de resolver, como a que existia com o Ministério da Saúde – a 
prestação de contas de um convênio de cerca de R$ 45 mil para a instalação de 
uma ouvidoria na área de saúde. A situação foi regularizada no início de 
fevereiro, segundo informações fornecidas pelo ministério. 
Cruzada 
Mas é a via judicial, segundo o prefeito 
ACM Neto (DEM), que deverá ser usada para destravar, em caráter emergencial, 
verbas de outros convênios até que a situação seja regularizada. “Tudo o que for 
preciso para empenhar recursos federais, nós faremos. Nós vamos recorrer a 
liminares, e eu tenho certeza que a Justiça vai viabilizar (a liberação)”, 
disse. No caso dos convênios que já tiveram liberação judicial, como o que prevê 
reformas na orla da Barra, até o momento nenhum real entrou nas contas da 
prefeitura. Mas o problema é outro: ausência de projetos. 
O prefeito assegura que enviará os documentos necessários para 
obter os recursos até o fim do mês. “Eu tenho até o fim de março para apresentar 
os projetos. Eles estão sendo feitos, vamos apresentar e, logo em seguida, vamos 
começar a executar essas obras. Está tudo dentro do cronograma”, salientou. 
Redução  
Devido ao nome sujo, a prefeitura viu 
minguar a arrecadação de recursos federais. Para se ter uma ideia de quanto a 
cidade já perdeu, é só comparar o volume recebido nos anos anteriores à 
restrição, como em 2008, 2009 e 2010. Nestes anos, respectivamente, novos 
convênios captaram para a capital baiana R$ 55 milhões, R$ 167 milhões e R$ 22 
milhões. Em 2011, quando o nome começou a ficar sujo, entrou apenas cerca de R$ 
1 milhão. Ano passado, apenas R$ 109 mil, e, até a presente data, 2013 está 
zerado. 
Para obter apoio do governo federal, o prefeito viajou na 
última terça-feira a Brasília para percorrer gabinetes do Palácio do Planalto em 
busca de recursos da União. Reuniu-se com os ministros do Esporte, Aldo Rebelo; 
do Turismo, Gastão Vieira; da Saúde, Alexandre Padilha; e a da Cultura, Marta 
Suplicy. Contudo, de nada valerá o périplo se ele não conseguir tirar o nome da 
prefeitura do cadastro de município inadimplentes. 
“Os problemas com o Cauc são variados. Tem dívidas de FGTS, 
INSS... Nós estamos fazendo um trabalho para limpar a prefeitura, mas é um 
trabalho difícil”, ponderou ACM Neto.