O governo federal está disposto a empregar R$ 296 bilhões, entre 2014
 e 2033, para compensar os estados que perderem arrecadação com a 
unificação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
 Esse é o montante a ser canalizado para dois fundos de apoio financeiro
 em troca da proposta de redução gradual das alíquotas interestaduais do
 tributo para 4%, em prazo de quatro ou oito anos.
A medida provisória (MP 599/2012)
 que trata das formas de auxílio para compensar os estados que perderem 
receitas por conta da unificação do ICMS aguarda leitura em Plenário. 
Publicado no fim do ano, o texto adiciona mais polêmica às questões 
federativas na retomada da agenda parlamentar, em fevereiro.
O governo se esforça para conseguir o apoio de todos os 27 
governadores à proposta de unificar a alíquota do ICMS, o que 
facilitaria a aprovação de projeto de resolução com essa finalidade, de 
iniciativa exclusiva do Senado. O Ministério da Fazenda já colocou 
minutas à disposição de líderes governistas na Casa. A idéia é que a MP 
599 e essa resolução avancem ao mesmo tempo.
Atualmente, existem duas alíquotas interestaduais, uma de 7%, que 
serve aos estados mais ricos, e outra de 12%, utilizada pelos mais 
pobres. Nas últimas décadas, esses estados adotaram políticas de 
incentivos com base no ICMS para atrair empresas instaladas nas regiões 
mais desenvolvidas, praticando a conhecida “guerra fiscal”. O Supremo 
Tribunal Federal (STF) já se manifestou pela inconstitucionalidade dos 
incentivos.
Para o governo, por sua vez, unificar as alíquotas e acabar com a 
chamda "guerra fiscal" por investimentos significa estimular um sistema 
tributário mais racional e menos oneroso para o setor produtivo. 
Colateralmente, espera com isso injetar novo estímulo na economia. Daí a
 disposição em buscar um acordo entre os estados para unificar as 
alíquotas interestaduais do ICMS.
Um atrativo adicional apresentado pelo governo é a oferta de um 
indexador menos gravoso para as dívidas estaduais, hoje atreladas ao 
IGP-DI, além de uma taxa de juros de 6% e 7,5%. Por meio de lei 
complementar, o governo pretende sugerir a adoção do índice oficial de 
inflação (IPCA), acrescido de uma taxa de juros de 4% ao ano. Se esse 
indicador ultrapassar a taxa básica de juros, os saldos das dívidas 
serão corrigidos pela variação da própria Selic, hoje em 7,25% ao ano.
Fundos
MP estabelece que o fundo exclusivamente de compensação totalizará R$
 222 bilhões até 2033, que serão repassados aos estados como 
transferências obrigatórias. Começará com um aporte de R$ 3 bilhões em 
2014, o dobro desse valor no ano seguinte e o triplo em 2016. A partir 
de 2017, serão R$ 12 bilhões a cada ano.
O outro é um fundo de desenvolvimento regional, para servir como 
mecanismo de atração de investimento no lugar da tradicional guerra 
fiscal. Seus recursos vão apoiar projetos de desenvolvimento por meio de
 empréstimos a taxas favorecidas. Começará com R$ 1 bilhão em 2014, R$ 2
 bilhões em 2015 e R$ 3 bilhões em 2016. Entre 2017 a 2033, os aportes 
serão de R$ 4 bilhões a cada ano.