Documento divulgado e aprovado pela Frente Nacional de Prefeitos, na última 
quarta-feira, durante reunião com os presidentes da Câmara e do Senado, cobra do 
Congresso Nacional a aprovação de medidas que fortaleçam os investimentos nas 
cidades, garantam o equilíbrio fiscal e melhorem a qualidade de vida das 
pessoas, especialmente as que vivem nas capitais.
O encontrou reuniu prefeitos de 14 capitais e foi motivado por iniciativa dos 
presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, que 
buscam votar no Congresso medidas que reformem o pacto federativo.
Alves informou que algumas propostas em tramitação na Casa que contenham as 
reinvindicações dos prefeitos poderão ser levadas diretamente ao Plenário. Os 
presidentes da Câmara e do Senado ressaltaram que, na semana que vem, vão se 
reunir com os presidentes de comissões técnicas para verificar quais propostas 
já em tramitação nas Casas correspondem às reivindicações dos prefeitos das 
capitais.
Dívidas dos municípios
Uma das maiores preocupações 
manifestada pelos prefeitos foi reduzir o custo da dívida dos municípios com a 
União, com a mudança no índice de correção. Sobre esse assunto, a Câmara analisa 
Projeto de Lei Complementar 238/13, do Executivo, que, entre outras medidas, muda os 
critérios de indexação dos contratos de refinanciamento das dívidas de estados e 
municípios com a União. Pela proposta, o índice de correção passará a ser o 
IPCA, que é menos 
instável que o IGP-DI. 
Caso a soma dos encargos ultrapasse a variação da taxa básica de juros, 
atualmente em 7,25%, a Selic será usada para a atualização.
Precatórios
Os prefeitos também cobraram a retomada da 
discussão no Congresso em torno do pagamento dos precatórios, à luz da decisão 
do Supremo Tribunal Federal (STF) de declarar a inconstitucionalidade de 
diversos dispositivos da Emenda Constitucional 62/09, que instituiu o novo 
regime especial de pagamento desses débitos. Os precatórios são dívidas do setor 
público definidas pela Justiça, e o Supremo decidiu que elas devem ser pagas 
imediatamente e não em parcelas, como vem sendo feito. Ainda é esperado, porém, 
um esclarecimento do próprio STF sobre a decisão.
Henrique Eduardo Alves disse que o Legislativo poderá mediar uma saída para o 
cumprimento da decisão do STF. "A decisão do Supremo merece nosso respeito, mas 
vamos mediar um entendimento que dê viabilidade à decisão".
A maioria dos governantes falou hoje sobre o assunto. O prefeito de Salvador, 
Antonio Carlos Magalhães Neto, contou a sua situação: "O gestor que me antecedeu 
não pagou a sua cota no ano passado e agora a gente corre o risco - já recebi 
três cartas do Tribunal de Justiça - de sequestro das receitas do município por 
conta do pagamento de precatórios do passado. Imagine com essa indefinição que 
foi posta a partir da decisão do STF como isso pode ficar", reclamou.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse que será necessário fazer um 
amplo entendimento sobre o pagamento dos precatórios: "O impacto é gigantesco 
nas contas públicas. Nós estamos falando de R$ 100 bilhões no País, 20 deles só 
na cidade de São Paulo. Então os efeitos são tremendos".
Até agora, prefeitos e governadores vinham seguindo uma emenda constitucional 
de 2009 que permitia parcelamentos em até 15 anos, com várias ressalvas para 
casos especiais, como pagamento a pessoas idosas.
Além das reivindicações formalizadas, alguns prefeitos apresentaram outras 
demandas. O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, por exemplo, pediu que o 
Congresso Nacional discuta o marco legal das desapropriações. “O Congresso 
deveria se debruçar sobre os rituais de desapropriações, para diminuir custos e 
prazos”, afirmou.