O presidente da Frente Nacional de Prefeitos, João Coser, afirmou nesta 
terça-feira (19) que um dos principais itens da pauta a ser apresentada aos 
presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, é a 
revisão do critério de correção da dívida dos municípios. Os prefeitos das 
capitais apresentarão suas reivindicações na quarta-feira (20), às 11 horas, no 
Salão Negro da Câmara.
De acordo com Coser, os prefeitos querem que o governo utilize a Selic mais 2% ao ano para 
corrigir os débitos municipais. Atualmente, a correção é feita com a aplicação 
do IGP-DI (Índice 
Geral de Preços - Disponibilidade Interna) mais juros de 6%. Proposta do 
Executivo (Projeto de Lei Complementar 238/13) enviada ao Congresso no início deste ano prevê a troca 
pelo IPCA (Índice de 
Preço ao Consumidor Amplo) mais 4%. O governo alega que este índice sofre menos 
alteração a cada ano e dará maior previsibilidade aos municípios.
Isonomia
Segundo Coser, no entanto, a medida não 
soluciona o problema, porque a dívida continuará a crescer anualmente. Ele 
argumenta que o Brasil capta recurso com base na Selic, e os prefeitos 
reivindicam “apenas” o mesmo tratamento. “A União não precisa pagar a conta dos 
municípios, mas também não precisa ganhar dinheiro em cima do endividamento das 
cidades brasileiras”, sustenta.
Relator do projeto do Executivo na Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) 
afirma que pretende excluir da base de cálculo da receita líquida real as 
despesas com saúde e educação. Com isso, afirma, “irá diminuir o fluxo da dívida 
que prefeitos e vereadores pagam hoje, e eles terão dinheiro para investir”. O 
relator, no entanto, não tem previsão de quando a proposta será votada, mas 
defende que seja no bojo do debate do novo pacto federativo.
Os prefeitos de capitais também vão reivindicar tratamento isonômico ao 
concedido aos estados quanto à capacidade de endividamento. Hoje os estados 
contam com margem de crédito de duas vezes sua receita corrente líquida, já os 
municípios, de 1,2. Conforme Coser, a intenção “é buscar capacidade de 
investimento para que as cidades possam oferecer serviço público de 
qualidade”.
Transporte coletivo
Coser disse que os prefeitos também 
vão reivindicar a votação pelos senadores do PL 1927/03 (transformado no PLC 310/09). A proposta, já aprovada na Câmara, cria o Regime Especial de Incentivos para 
o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros. O texto prevê a 
redução de impostos sobre o serviço de transporte e sobre a compra de óleo 
diesel, chassis, carrocerias, veículos, pneus e câmaras de ar. Como 
contrapartida, as empresas terão de reduzir as tarifas.
Pacto federativo
Coser, que foi prefeito de Vitória, 
antecipou que os prefeitos de capitais também devem debater a revisão do pacto 
federativo com os parlamentares. Segundo afirma, os municípios recebem cada vez 
mais obrigações, mas os recursos não chegam na mesma proporção.
Ele citou o programa Saúde da Família, que custaria, em média, R$ 25 mil por 
equipe, enquanto o governo repassaria somente R$ 12 mil. A ideia, segundo Coser, 
é tornar mais clara a repartição das obrigações entre os entes e que “fique 
clara também a fonte de recurso de cada função do Estado brasileiro”.
O presidente da Câmara já declarou que considera o atual pacto federativo 
esgotado e que estados e municípios estão “à míngua”. Em sua concepção, os 
municípios “estão destroçados nas suas finanças, e os estados, que antes 
socorriam os municípios, também estão inteiramente impotentes para esta 
tarefa”.