O Congresso Nacional começa a semana na expectativa de votar o Orçamento da União para o ano de 2013 e o veto da presidente Dilma Rousseff
 à lei que estabelece novas regras para distribuição dos royalties do 
petróleo. Os dois temas deveriam ter sido votados  no final do ano 
passado, mas liminar do ministro Luiz Fux,
 do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que os parlamentares 
apreciassem o veto dos royalties apenas depois de deliberar sobre os 
outros 3 mil vetos presidenciais pendentes no Congresso.
	Com a decisão de Fux, a votação de outros projetos importantes, como o 
Orçamento para 2013, ficou suspensa. Havia receio entre parlamentares e 
também dentro do governo de que a liminar do ministro se estendesse não 
só ao veto dos royalties, mas a qualquer outro projeto. Na última 
semana, porém, o plenário do STF revogou a liminar e permitiu aos parlamentares votar os royalties antes dos demais vetos.
	Após a decisão do STF, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL),
 anunciou a votação dos royalties para esta terça-feira (5). De acordo 
com Renan, o Orçamento também pode ser votado na mesma sessão, mas 
ficará para outro dia caso não haja tempo ainda na terça.
	Tanto o veto à lei dos royalties como o Orçamento são temas de 
divergência entre deputados e senadores. No caso dos royalties,  
parlamentares de estados produtores de petróleo defendem que seja 
mantido o veto presidencial à lei. Isso porque, da maneira como o 
projeto foi enviado ao Executivo, a nova distribuição dos royalties 
diminuiria, inclusive para contratos em vigor, a proporção dos recursos 
que atualmente cabem a esses estados e aumentaria a fatia para os 
estados não-produtores.
	O senador capixaba Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que representa um dos 
estados produtores, afirma que usará todos os mecanismos possíveis para 
mostrar aos colegas que o veto da presidente é necessário. Ele critica o
 fato de que o projeto de distribuição dos royalties altera a 
distribuição de recursos para contratos vigentes, e não apenas contratos
 futuros.
	“Nós vamos para essa reunião com muitos argumentos, com muita 
convicção, para defender os nossos direitos. Vamos tentar impedir que 
essa violência seja praticada contra os nossos estados. [...] Como 
alterar a questão jurídica que já foi assinada? Aceitamos compartilhar o
 futuro, mas o passado, não. Isso é sugerir para o mundo que os 
contratos não são levados a sério no Brasil”, declarou Ferraço.
	Já para a votação do Orçamento, a dificuldade poderá ser a ameaça da 
oposição de entrar com recurso no STF contra a validade da matéria. Para
 o líder do PSDB no senado, Aloysio Nunes (PSDB), o Orçamento só deve ser votado após a análise de todos os 3 mil vetos pendentes.
	“Não foi colocada perante o Supremo a questão do Orçamento, apenas da 
votação dos vetos sem a necessidade de ser cronológica. Enquanto houver 
vetos aguardando decisão do Congresso, ficam paralisadas as votações de 
todas as proposições. Se for aprovado o Orçamento nessas condições, eu 
vou ao Supremo. Essa votação do Orçamento antes da votação de todos os 
vetos é inconstitucional”, afirmou.
	De acordo com o líder, apesar do elevado número de vetos para serem 
votados, apenas três ou quatro devem gerar discussões, o que pode tornar
 o processo rápido. “São poucas matérias que geram mais divergência. 
Estamos perdendo tempo enorme nessa discussão esperando decisão do 
Supremo. Já poderíamos ter votado esses vetos antes”, declarou.
	Para o senador Romero Jucá (PMDB-RR), 
relator do projeto, é importante que o Orçamento seja aprovado logo. “A 
não votação do Orçamento atrapalha a retomada de crescimento do PIB e do
 nível de emprego. É por isso que nós estamos batalhando, brigando, para
 que tenhamos condição de votar o orçamento na terça-feira”, afirmou.
	MP
	No Senado, há ainda a expectativa de que o plenário aprecie a medida 
provisória 588/2012, a única que está trancando a pauta da Casa. A MP 
abre crédito extraordinário de R$ 1,68 bilhão para ser aplicado no Fundo
 de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), do Ministério da Educação. A medida vence apenas em abril.